O citômetro de fluxo é um equipamento capaz de mensurar simultaneamente múltiplos parâmetros de uma população de células ou de partículas em suspensão, detectadas uma a uma quando, ao passarem por uma pequena abertura em um fluxo contínuo, um feixe de luz laser incide sobre elas. Esses parâmetros incluem propriedades físicas, tais como tamanho e complexidade citoplasmática de uma célula, seus antígenos de membrana, citoplasma ou núcleo, e seu conteúdo de DNA-RNA. Uma poderosa e versátil tecnologia, sendo amplamente aplicada na identificação dos antígenos celulares por meio de anticorpos específicos ligados a fluorocromos, os anticorpos monoclonais marcados, que reconhecem com extrema especificidade o seu antígeno celular.
A Citometria de fluxo apresenta grande aplicabilidade prática na Imunofenotipagem de leucemias e linfomas; na Imunofenotipagem linfocitária (CD3/CD4/CD8) de pacientes soropositivos; na contagem absoluta de células CD4+; na avaliação do ciclo celular de células normais e neoplásicas; na contagem de células-tronco hematopoiéticas (CD34); na detecção de doença residual mínima em pacientes leucêmicos em tratamento; na avaliação das plaquetas, reticulócitos e eritrócitos; no diagnóstico diferencial entre plaquetopatias, em processos de sepse e da hemoglobinúria paroxística noturna (HPN). Além de sua aplicação na avaliação das células do sangue da medula óssea, dos fluidos cavitários e das células teciduais em suspensão, a Citometria de fluxo também pode ser utilizada para o estudo de cromossomos, dosagem de citocinas entre outras.
A Imunofenotipagem por Citometria de fluxo é a determinação do perfil imunológico de uma célula, isto é, da sua linhagem e de seu estágio de diferenciação e maturação, a partir da caracterização das seus antígenos de superfície, citoplasma ou núcleo com anticorpos monoclonais marcados. No processo evolutivo das células hematopoiéticas, dependendo da sua fase de maturação, pode-se encontrar a expressão de diferentes estruturas. O estudo imunofenotípico de uma célula baseia-se no conhecimento prévio dos padrões normais de expressão antigênica nas suas diferentes fases maturativas. Desse modo, a Imunofenotipagem pode caracterizar uma população de células normais, diferencia-las de células anômalas, definir seu imunofenótipo e seu percentual na amostra em estudo e interpretar resultados no contexto da clínica e morfologia utilizando anticorpos monoclonais especificamente produzidos contra os grupos de diferenciação, os antígenos, padronizados universalmente como cluster diferentiation (CD).
A Imunofenotipagem por Citometria de fluxo é um exame de alta complexidade, fundamental para o diagnóstico das doenças onco-hematológicas. O conjunto de testes imunofenotípicos e genético-moleculares consolidam o diagnóstico de diversos subtipos de leucemias e são úteis para quantificação de doença residual mínima e fundamental para escolhas de regimes terapêuticos. A caracterização imunofenotípica tem sido o método preferencial para a determinação da linhagem celular e análise da maturação das células nas neoplasias hematológicas.
A análise multiparamétrica através da citometria de fluxo é um método rápido, objetivo e quantitativo para:
- Determinação de linhagem celular. Além de determinar a linhagem nos grandes grupos, mielóide, células B, T e NK, a caracterização imunológica contribui sobremaneira para a classificação em subgrupos mais específicos como a Leucemia Mielóide Aguda (LMA) com diferenciação mielóide mínima (M0 da FAB), LMA sem maturação, leucemia eritroblástica aguda, leucemia megacarioblástica aguda e leucemias bifenotípicas;
- Caracterização do estágio de maturação das células malignas contribuindo na definição diagnóstica como no caso das doenças linfoproliferativas crônicas;
- Definição da linhagem celular na crise blástica de síndromes mieloproliferativas crônicas;
- No diagnóstico diferencial entre linfocitose reacional e proliferação neoplásica de células B, identificação da clonalidade através da restrição de cadeia leve de imunoglobulina;
- Caracterização da heterogeneidade e dos aspectos aberrantes das populações de células malignas, assim, permitindo aplicar estas informações no monitoramento da terapia;
- Detecção de doença residual mínima (DRM).